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Ártico Ásia Global
09/12/2020

Por que a La Niña não está esfriando o planeta?

Temperatura está absurdamente alta no Ártico nos últimos meses e anula os efeitos do Pacífico na temperatura global


Afinal, por que a Terra está em níveis recordes de aquecimento hoje se o fenômeno La Niña – conhecido por trazer resfriamento do planeta – está atuando no Oceano Pacífico? 

Na segunda-feira, o Sistema Copernicus da União Europeia informou que o planeta teve o novembro mais quente já registrado no período observacional. As temperaturas de novembro de 2020 foram 0,77ºC maiores que a média do mês entre 1981 e 2010. Superaram por 0,13ºC os últimos recordes, que foram em 2016 e 2019.

A resposta está no Ártico. O nível de aquecimento está tão absurdamente alto neste ano na parte mais Norte do planeta que está anulando o efeito de resfriamento que poderia se esperar com o fenômeno La Niña. O aquecimento na região da Sibéria segue em níveis espantosos. 

A temperatura média anual no Ártico medida entre outubro de 2019 e setembro de 2020 foi a segunda mais alta desde o início dos registros em 1900 e foi responsável por conduzir uma cascata de impactos nos ecossistemas árticos durante o ano. Nove dos últimos 10 anos viram as temperaturas do ar pelo menos 1°C acima da média de 1981-2010. As temperaturas do Ártico nos últimos seis anos excederam os recordes anteriores. Os dados estão em relatório da NOAA divulgado ontem.

As temperaturas extremamente altas em toda a Sibéria durante os últimos meses resultaram na menor extensão de neve em junho no Ártico da Eurásia observada nos últimos 54 anos. A extensão mínima do gelo marinho do Ártico em 2020 alcançada em setembro foi a segunda mais baixa no registro de satélite. A espessura geral da cobertura de gelo do mar também está diminuindo à medida que o gelo ártico se transformou de uma massa de gelo mais velha, mais espessa e mais forte para uma massa de gelo mais jovem, mais fina e frágil na última década. A Expedição MOSAiC, a expedição de um ano baseada no quebra-gelo Polarstern no Oceano Ártico, atravessou muito mais rápido do que o previsto através de gelo mais fino. 

Incêndios florestais extremos na República Sakha, no Norte da Rússia, durante este ano coincidiram com temperaturas incomparáveis ​​do ar quente e perda recorde de neve na região. A temperatura no verão em plena Sibéria chegou em um dia a quase 40°C.

Este ano é verdadeiramente sem precedentes no Norte da Sibéria. As temperaturas médias no ano até agora estão até 7,7°C mais altas do que o normal, o que é um desvio absurdo em relação ao normal. Não é um ou outro mês com desvio firmemente positivo, mas todos em 2020.